sexta-feira, 2 de março de 2012

Por uma música real


Na última edição do Grammy no mês passado, Dave Grohl, líder do Foo Fighters, gerou polêmica com o discurso de agradecimento a um dos cinco prêmios dados a sua banda. Em resumo, o discurso foi marcado pela defesa do ‘elemento humano’ no ato de produzir música, onde o que realmente importa, para ele, não se passa em um computador, mas no coração e mente do artista.

Muitos interpretaram o posicionamento de Grohl como uma crítica à música pop ‘super-produzida’ e ‘computadorizada’ de hoje. De fato, o discurso dá margem a essa interpretação, basta lembrar que a maioria dos artistas presentes na plateia da premiação fazem esse tipo de música. Apesar disso, a meu ver, o vocalista do Foo Fighters não quis opor tecnologia ao fator humano na criação de músicas, mas toca numa questão importante: há limite para utilização da tecnologia na produção musical?

É óbvio que o desenvolvimento tecnológico sempre fora aliado dos grandes artistas, das boas músicas, dos ótimos discos e shows, o aparato técnico só tende a favorecer o talento. Impostores sempre existiram e continuarão a existir, devemos considerar que música é uma forma de entretenimento organizada pela indústria fonográfica, que usufrui da tecnologia em larga escala para fazer dinheiro através da comercialização da música aliada à diversão mais do que à qualidade.

De forma sincera, Dave Grohl apenas nos faz lembrar com seu discurso que a experiência musical será sempre melhor, para o público e para o artista, quando for real, explorando todas as características possíveis ao ser humano.

Publicado no caderno 'Na Mira' do Jornal 'O Estado do Maranhão' no dia 02.03.2012