Na última edição do Grammy no mês passado, Dave Grohl, líder do Foo Fighters, gerou polêmica com o discurso de agradecimento a um dos cinco prêmios dados a sua banda. Em resumo, o discurso foi marcado pela defesa do ‘elemento humano’ no ato de produzir música, onde o que realmente importa, para ele, não se passa em um computador, mas no coração e mente do artista.
Muitos interpretaram o
posicionamento de Grohl como uma crítica à música pop ‘super-produzida’ e ‘computadorizada’
de hoje. De fato, o discurso dá margem a essa interpretação, basta lembrar que a
maioria dos artistas presentes na plateia da premiação fazem esse tipo de
música. Apesar disso, a meu ver, o vocalista do Foo Fighters não quis opor tecnologia
ao fator humano na criação de músicas, mas toca numa questão importante: há
limite para utilização da tecnologia na produção musical?
É óbvio que o desenvolvimento
tecnológico sempre fora aliado dos grandes artistas, das boas músicas, dos ótimos
discos e shows, o aparato técnico só tende a favorecer o talento. Impostores
sempre existiram e continuarão a existir, devemos considerar que música é uma
forma de entretenimento organizada pela indústria fonográfica, que usufrui da
tecnologia em larga escala para fazer dinheiro através da comercialização da música
aliada à diversão mais do que à qualidade.
De forma sincera, Dave Grohl apenas
nos faz lembrar com seu discurso que a experiência musical será sempre melhor,
para o público e para o artista, quando for real, explorando todas as
características possíveis ao ser humano.
Publicado no caderno 'Na Mira' do Jornal 'O Estado do Maranhão' no dia 02.03.2012